A carta de Luís Osório à mãe de Ronaldo que está a emocionar Portugal
Dolores Aveiro, mãe do craque português Cristiano Ronaldo é a mais recente celebridade em destaque no Postal do Dia do escritor Luís Osório. Jornalista não poupou nos elogios à mãe do internacional português.
Luís Osório tem uma rubrica, o Postal do Dia, onde destaca algumas personalidades que considera que o mereçam, com um toque especial e admiração muito característicos do escritor.
Desta vez, Luís Osório decidiu falar sobre os últimos tempos de Cristiano Ronaldo e da importância do papel da mãe, Dolores, em tudo o que tem acontecido.
“Com Cristiano Ronaldo é tudo hiperbólico. Os efeitos do que faz. As paixões que gera. Os golos que marca. Os golos que falha. As namoradas da vida. Os carros da vida. Os amigos, os empresários, o dinheiro, os negócios.
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E agora a fase descendente enquanto futebolista. Para uns, as portas que se fecham. Para outros, o maior contrato da história como prova de que não está no final da carreira.
Há os que gostam de Cristiano – e eu gosto. Há também milhões que o seguem fanaticamente – para quem qualquer crítica ou dúvida de que é o maior é considerada uma prova inequívoca de inveja e podridão. E depois existe a ruidosa família.
As irmãs – talibans de tudo o que mexe ao redor do seu irmão. E Georgina que acompanhamos em documentários e fotografias que nos invadem telemóveis. As suas joias. As suas ofertas natalícias. As suas casas. Tudo.
Cristiano prepara-se para a sua estreia na Arábia Saudita. Foi apresentado no seu novo clube na passada semana com a dignidade e grandiosidade que merecia. A sua marca voltou à agenda mediática e irão seguir-se os golos e tudo o resto de que se faz o seu mito, o seu carisma e as suas fragilidades, algumas delas capazes de irritar metade do mundo. E a mim também.
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E irá continuar a história de Dolores Aveiro, uma mulher incrível e poderosa. Ser-lhe-ia simples ir por um outro caminho. Radicalizar o discurso quando o seu filho é atacado, pressionado, esquecido. Ser-lhe-ia fácil ir pelo caminho das suas filhas, pôr-se em bicos dos pés e diabolizar os que não elogiam todos os dias o filho.
Compreenderíamos melhor se dissesse asneiras, se insultasse, se a sua postura fosse negativa ou sombria, se os seus pensamentos e palavras fossem críticos e agressivos. Mas não são.
Dolores é uma mãe que o filho tornou uma verdadeira princesa, é verdade. Cristiano poderia ter atenuado o peso da família, mas não o fez e ainda bem, mostra também de si.
E poderia ter, como tantos e tantas, esquecido o seu passado difícil, o que teve de correr, o que teve de sofrer, mas preferiu fazer das fragilidades força e oferecer à sua mãe palácios e riquezas em vida.
Mas Dolores não se tornou mais pequena. Os palácios não a fizeram desviar-se do seu caminho de sempre. Encontrou um novo amor, viaja, conhece mundo, aprende coisas novas, é curiosa sobre o ofício de viver. E quando o seu filho é atacado ou está fragilizado, ela aparece. Abraça-o. Diz coisas bonitas. Diz-lhe coisas bonitas. Coisas que só uma mãe pode dizer.
O resto não lhe é importante, os pensamentos negativos não são para ela.
Dolores para quem Cristiano é o seu pródigo. Não por ser mais ou menos do que os outros três, mas por ser o mais novo, o bebé que ela já não podia carregar, o bebé que na barriga a fez ter o pensamento de abortar por lhe ser impossível imaginar a possibilidade de não conseguir pôr a comida na mesa.
Dolores não abortou apesar de todas as dificuldades houve qualquer coisa que a fez travar o caminho quando alguém já lhe indicara o lugar para se deitar.
Dolores pediu desculpas e voltou para casa com as lágrimas nos olhos. O bebé tinha de nascer. E nasceu. Chamou-o Cristiano.
E nestes dias, com toda a confusão que se gera sempre que Cristiano aparece, recordei-me desta formidável mãe para quem os bons pensamentos são o seu segredo mais bem guardado. Sem eles Cristiano não teria nascido. E Dolores sabe-o.”