O jornalista Luís Osório escolheu Cristina Ferreira como o “alvo” do “Postal do Dia” desta quarta-feira, falando um pouco sobre o seu percurso.
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Luís Osório surge em defesa de Cristina Ferreira, explicando o porquê da implicância de alguns telespectadores consigo, mas também abordando a importância do papel da comunicadora na sociedade portuguesa.
“Cristina Ferreira é uma das pessoas mais populares em Portugal. O que faz, como faz, o que diz, como diz, o que se julga que pensa ou como pensa, os seus espetáculos, programas de televisão, os que lança e os que faz cair, as fotografias ousadas nas redes sociais, as coleções de lingerie, a revista, as entrevistas, tudo, mas mesmo tudo é motivo de polémica e de conversa.
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Cristina faz mexer, divide as águas e não deixa ninguém indiferente. Já a vi em lugares com intelectuais que se babam à sua passagem – dizendo depois que não a conhecem. E já estive em almoços em que a menorizaram ou em lugares onde a exaltam como uma espécie de my far lady portuguesa.
Como está sempre a ser falada, por vezes aquilo que faz de importante não é valorizado. Cristina Ferreira, no final da semana passada, deixou um contributo válido para que regresse à agenda política o tema do ódio nas redes sociais.
A comunicadora foi ao parlamento e perante vários deputados defendeu uma petição da qual é a primeira subscritora – uma petição que propõe a criação de uma entidade reguladora das redes sociais que seja ativa contra os discursos de ódio no Facebook, no Instagram e nas várias plataformas em que as pessoas estão expostas ao que é bom, mas infelizmente também ao negativo, aos maluquinhos que insultam por não existirem consequências, aos maluquinhos que ameaçam em mensagens privadas e até nos comentários, aos que têm perfis falsos, aos que veiculam mensagens políticas de ódio.
Cristina foi das primeiras a falar do assunto por o sentir na pele. Escreveu aliás “Pra Lá de Puta”, livro onde aprofundou o tema com exemplos concretos. Cristina é insultada todos os dias. Vaca é apenas um nome mais soft. Para lá de puta é o que lhe costumam chamar.
Não podemos tratar o tema de ânimo leve. Mas é decisivo que se discutam os limites. E que os limites, depois de conhecidos, sejam aplicados. Milhões de pessoas seguem-na. Mas ela é uma pessoa, não é uma boneca ou um robô. Existe e é real, tem um filho, sentimentos, uma vida. E, apesar de tudo, a vantagem de se poder defender, de ser dona de uma visibilidade que a protege e é perigosa para os agressores.
Imaginem as pessoas que não têm como se defender. Pessoas que são cobardemente atacadas, pressionadas, humilhadas, atemorizadas por bandidos na internet. E os que agressores são também pessoas reais. Que no anonimato de um perfil falso ou a coberto da ideia de que a “liberdade” é ter o direito a dizer tudo, existem e têm também vidas, filhos, empregos.
Atacam outras pessoas apenas pelo prazer de fazer mal ou de exercer um poder qualquer ou por motivos subversivos ou por estarem a soldo de interesses políticos ou outros.
Cristina Ferreira foi ao parlamento e fez muito bem. É necessário que o tema se fale. Tudo o que se possa fazer para tornar o mundo menos crispado e perverso é uma boa notícia. Há gente horrível por aí.
Gente seca e estéril que faz tudo à volta parecer estar morto e ser obra do “mal”. E eu sei bem o que é. Todos os dias sou insultado.
Todos os dias recebo mensagens de ódio. Todos os dias me acusam de ser isto e aquilo. Ou porque tenho de ter cuidado. Não pode ser. Temos de ser mais, de ser melhores, de acreditarmos numa ideia de bem, de sermos decentes. E temos de deixar de acreditar na remissão dos pecados dos monstros e maluquinhos que andam por aí.